Gordinhas conquistam espaço na moda praia e ganham novas modelagens de biquínis
Até os 19 anos, a paulistana Carla Manso costumava usar calças de lycra e camisetas largas quando ia à praia. Tudo para esconder suas curvas fartas, distribuídas no manequim 50. “Numa manhã de domingo meu filho veio me acordar e me chamou de princesa. Fiquei tão emocionada com aquilo, que passei a me sentir a princesa que ele enxergava”, conta Carla, que hoje, aos 25, trabalha como modelo de grifes GG e foi eleita Miss Plus Size 2011, em concurso promovido em São Paulo.
A Miss Plus Size Carla Manso usa biquíni da grife Best Size
Nas sessões de fotos e desfiles, a miss descobriu uma série de marcas de moda praia exclusivas para mulheres com medidas do 44 ao 60 - o chamado "plus size". “Fico impressionada como surgiram mais grifes especializadas nos últimos três anos. Até as grandes redes passaram a oferecer biquínis maiores para gordinhas!”, comemora Carla, citando as lojas Marisa, Renner e Riachuelo.
Prova de que o setor está fervendo é a marca paulista AcquaLua. Fundada em 1996, como loja de biquínis convencionais, a grife só viu o negócio deslanchar quando lançou uma linha especial dedicada aos mulherões. “O sucesso foi tanto que mudamos nosso foco para o 'plus size'”, explica a proprietária Marlise Belmonte Rodrigues. “Há 10 anos vendemos no atacado para multimarcas de todo o Brasil. E a demanda só aumenta.”
No entanto, as grifes mais badaladas –em especial, as que desfilam no Fashion Rio e na São Paulo Fashion Week –ainda são resistentes às gordinhas. “Neste fim de ano visitei inúmeras lojas fashionistas e os modelos grandes eram horrorosos, com caimento péssimo e estampa antiquada”, diz Renata Poskus Vaz, autora do blog “Mulherão” e criadora da Fashion Weekend Plus Size, evento de moda GG que acontece duas vezes por ano, em São Paulo.
Para a produtora de moda Brisa Issa, a falta de opções para as moças mais curvilíneas nas lojas mais famosas é proposital. “Claro que a gente sabe que existem marcas que não querem ver sua imagem associada aos gordos e por isso não fazem tamanhos maiores”, opina. “Muitas dessas lojas ainda dizem ter o modelo 44, mas eles são minúsculos.”
Abaixo o maiô da vovó
Jeff Benício, produtor do projeto “Mulheres Reais”, que promove desfiles e eventos dedicados à moda plus size, destaca algumas das vantagens do setor. “Essas grifes vão muito além daquele maiô da vovó preto e liso, feito pra esconder o corpo. São peças com belos trabalhos de design, geometria que engana o olhar e afina a silhueta e que, ainda, contam com reforços como bojos e costuras que dão sustentação e conforto à mulher.”
A gaúcha Clarisse Caratti Rebelatto, estilista da grife "plus size" Lehona, investe em detalhes de modelagem que “são capazes de deixar qualquer gordinha elegante no traje de banho”. “Os drapeados nos tecidos dos biquínis dão uma bela valorizada no corpo, fazendo um desenho bonito das curvas”, exemplifica.
Clarisse dá preferência aos modelos mais comportados em suas coleções, como os sunquínis –aquelas calcinhas com modelagem mais alta, que cobrem a barriga. Mas não deixa de fora peças GG mais ousadas.
“Tenho opções com calcinhas mais cavadas e até fio dental. Tem muita gordinha que gosta de se sentir sexy na praia e, como toda brasileira, prefere mostrar o bumbum”, diz a estilista.
Orgulho GG
Paulinha Leite, sem medo de exibir sua exuberância em rede nacional, durante participação no "Big Brother Brasil"
Paulinha de fio dental
Exemplo recente de quem não se amedronta com os padrões estéticos é a empresária Paulinha Leite, que participou da última edição do “Big Brother Brasil”, em 2011. Gordinha segura de suas formas exuberantes, a ex-"BBB" aparecia em rede nacional com seu biquíni fio dental, ao lado das colegas magérrimas de confinamento – todas futuras estrelas de ensaios sensuais.
“Sou cheinha, mas sempre pratiquei esportes. Não tenho problemas com celulite ou flacidez e meu corpo é bem harmonioso”, garante Paulinha. “Uso fio dental sim, me sinto confortável com meu corpo e detesto aqueles biquínis largos, que deixam o bronzeado disforme.”
A produtora de moda Brisa Issa – ela mesma, dona de um manequim 46 – defende que “cada mulher deve se vestir como se sente bem”. Mas faz suas ressalvas. “Amiga gordinha, fuja dos tomara-que-caia e dos modelos ‘cortininha’. A calcinha com lacinhos ou cordão lateral muito fino podem nos deixar parecendo uma pamonha toda apertada”, alerta.
Carla Manso –a garota que escondia o corpo na adolescência e hoje é miss– também dá sua dica. “Fui uma gordinha que usava calça e camisetão na praia e acabava chamando mais a atenção do que se estivesse de fio dental. Toda mulher pode usar biquíni, não só as magras”, garante. “Mas antes, conheça seu corpo, descubra seus pontos fortes e aposte em um modelo que os evidencie. Opção para nos sentirmos lindas no verão é o que não falta”.
Fonte: UOL
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